sexta-feira, agosto 14, 2009

Gabriel e a Internet

Meu filho tem 10 anos, vai fazer 11 em breve. Ele cresceu com computadores em casa. Eu acompanhei a gravidez dele pelo Pregnancy Calendar do iVillage. Ele aprendeu a usar o mouse com uns 3 anos de idade, usando joguinhos de um site muito legal que não existe mais, o Benny Match.

Gabriel tem seu próprio computador, normalmente o mais antigo da casa. Ele aprendeu cedo a entrar sozinho no Google e procurar por "jogos" ou "games", um dos sites preferidos dele é o Clickjogos do Uol. O micro dele tem filtro de conteúdo impróprio, mas há anos eu já conversei com ele que se entrasse num site procurando por jogos e visse pornografia era pra sair porque aquele site provavelmente ia passar vírus pro computador dele. Ele não tem autorização para instalar nada no micro dele sem o meu conhecimento, e normalmente quem analiza se presta e instala sou eu.

Ele tem email há anos, mas nunca lê. Só entra muito de vez em quando, quando lembra ou quando eu digo a ele que ele deve estar cheio de emails não lidos. E ele pede para que EU entre na conta dele e leia os emails para ele. Ele não tem paciência para ler emails.

Sim, eu tenho a senha e o login de cada serviço que ele usa e monitoro o que ele está fazendo de vez em quando. E ele sabe disso, e não se importa. Ele muitas vezes me pergunta o que pode ou não fazer ou divide comigo o resultado de um jogo, uma piada que um amigo virtual contou, etc.

Gabriel tem MSN e Gtalk, mas quase não digita. No MSN prefere mandar emoticons, no Google Talk prefere logo partir pra uma conversa de voz do que digitar. Ele não tem paciência pra escrever no micro. Ele prefere FALAR. Ele tem Orkut mas quase nunca lê scraps. Entra mesmo é para brincar no Buddy Poke.

Os amigos da escola falaram para ele sobre o Habbo. Ele também está no Migux. Ele prefere essas redes e pode passar horas jogando nelas, mas ele vê isso como um "jogo" mais do que uma rede social. Outro dia eu embarrerei um jogo online que um amigo da escola indicou porque tinha muitos palavrões.

Semana passada eu autorizei o Gabriel a criar uma conta no Youtube. Ensinei ele a votar nos vídeos e a adicionar seus preferidos aos favoritos. Notei que o Youtube é a MTV da geração dele: é no Youtube que ele vai descobrindo músicas que ele gosta, normalmente rindo de paródias feitas usando Bob Esponja ou Alvin e os Chipmunks, e dali a pouco ele está me pedindo para baixar We Will Rock You do Queen ou a última do Black Eyed Peas para tocar no mp3 player dele.

Com 10 anos eu dormia com um rádio de pilha embaixo do travesseiro, ligado na Transamérica FM, ouvindo Blitz, Ultraje a Rigor, Legião, Marina, etc. Com 10 anos ele dorme ouvindo as músicas que me pede para colocar no iPod. Estava todo feliz outro dia porque dormiu na asa de um amigo e voltou com o celular recheado de mp3 novas que eles passaram via bluetooth.

Gabriel gosta de ler e escrever fora da web, e enche cadernos e mais cadernos com seus contos ilustrados e até me pediu para escanear alguns pra mandar pra uma promoção da Nickelodeon. MAS ele prefere usar a web e interagir com ela usando voz e vídeo. Eu faço a maioria das coisas por texto. É interessante pensar em como serão as experiências dele na web nos anos por vir.

segunda-feira, agosto 03, 2009

Histeria Individual Coletiva

O japonês usa máscara quando resfriado por uma questão de preocupação com o coletivo e de educação: não quero que o meu vírus pegue em você. O brasileiro histérico (que antes dava risada da "mania" do japonês) usa máscara por puro egocentrismo e individualismo: FODA-SE o coletivo, só não quero pegar o mesmo vírus que você. E eu ainda não vi UM brasileiro gripado usando máscara. É apenas uma moda, infelizmente. Quando a histeria passar, voltarão todos a rir dos japoneses.

PS.: À noite todos os gatos são pardos e em tempos de histeria todas as mulheres são bruxas. Do alto da minha alergia a mofo (a saga do mofo está no twitter) já não agüento mais explicar que alergia não pega.