terça-feira, dezembro 02, 2003

I can't stop thinking...

Enquanto eu fico aqui esperando pela convergência de celular, câmera e palmtop em um só gadget, o que ñ deve demorar muito para acontecer, fico pensando em outras coisas que eram ficção científica e nas minhas próprias viagens na maionese quando criança que agora são reais... E eu fico pensando que a questão dos próximos anos, depois que a convergência for concluída, deve ser o aumento da qualidade de vida. Seguem abaixo algumas das minhas teorias preferidas sobre o assunto.

A própria convergência era um dos meus temas preferidos quando eu brincava de sci-fi kid. Um aparelho que fosse um mini-computador com video-fone e que também funcionasse como um cartão de crédito, autorizando compras por infra-vermelho em quiosques de compra parecidos com os atuais caixas automáticos de banco, que projetavam hologramas das roupas escolhidas (tá, ok, depois eu vi que isso já tinha sido usado nos X-Men rs...). Em casa esse aparelho controlarias as funções de diversos aparelhos, entre eles o que seria uma versão avançada de um home-theater... É divertido saber que estamos cada vez mais perto de realizar meu sonho de infância. Gostoso.

A outra questão que eu gastava horas pensando era o *transporte*. Ainda penso muito nisso. Como podemos estar evoluindo numa ponta e não ter nenhuma novidade significativa e fundamental na outra?


Atualmente é inacreditável que ainda vivamos um modelo de negócio onde os empregados tenham de se deslocar num trânsito cada vez pior, perdendo cada vez mais tempo para chegar a um único escritório centralizado sem nenhum motivo 100% coerente para isso. Qual a necessidade real de ter o empregado preso DENTRO do escritório de corpo presente? Com toda a empresa interligada por computadores e todos os funcionários se falando o tempo todo por e-mail e telefone? FRANCAMENTE. Pra que isso?

Porque eu ODEIO fundamentalmente uma das maiores distorções fruto do feminismo, utilizada à exaustão por mais de um macho que passou na minha vida, de que "vocês mulheres lutaram pelo direito de trabalhar então não quero saber de mulher minha à toa em casa", que na verdade é um machismo às avessas. Somos obrigadas a trabalhar, porque a mulher que fica em casa é ultrapassada, preguiçosa, mimada, atrasada, mais burra do que a que trabalha fora, alienada e outros elogios do gênero. Entrar no mercado de trabalho há muito deixou de ser direito e passou a ser dever. E ao encararmos uma jornada de trabalho tão rígida quanto a de nossos homens, criamos uma situação esdrúxula onde, no casamento atual, o homem e a mulher têm filhos mas quem cria é a empregada, a babá, a creche. Uma família despersonificada e ausente. É estúpido até a raiz dos cabelos. Eu sinto muita falta do meu filho. E também não acredito que ELES preferissem passar o dia inteiro enfiados no escritório se pudessem escolher. O erro fundamental não está em querer trabalhar, é em não termos aproveitado nossa entrada no mercado de trabalho para mostrarmos que é possível uma jornada flexível com produtividade. Não mudamos nada, apenas entramos no esquema que já existia e sentimos MUITO isso. Eu morro de saudades do meu filho. E não quero passar a vida inteira sabendo por terceiros o que está acontecendo com ele, estranha na minha própria casa.

A mobilidade TEM de chegar aos escritórios para finalmente recuperarmos nossa qualidade de vida. E nossas FAMÍLIAS.

É claro que tem muita gente que prefere territórios demarcados e a idéia de ficar disponível para o trabalho pelo celular ou de levar o notebook com o trabalho para casa incomoda, pelo fato de pulverizar o expediente. Mas eu, pelo menos, como designer e trabalhando com cinema, sempre falhei miseravelmente em trancar o trabalho num compartimento estanque do cérebro. Porque tudo ao meu redor tem design, e em todos os lugares ou tem um filme meu ou do meu concorrente, e não vou deixar de anotar uma idéia brilhante no meio da rua porque não estou no escritório. Ou mesmo de pensar numa planilha mais eficiente para o faturamento de publicidade, ora pipocas.

Outra coisa que já falei aqui é a questão do software como serviço e não como produto... A coisa mais irritante do universo é você chegar em algum lugar precisando abrir um arquivo e não ter o programa que você precisa ali... Aliás, empresas de softwares vetoriais normalmente são irritantes. Eu posso abrir um .jpg em qualquer programa de bitmap, seja ele Photoshop, Painter ou whatever. Eu posso abrir um .doc em quase qualquer processador de textos. Mas ai de mim se tiver um .cdr gerado em Corel10... Se não tiver uma cópia do software naquela máquina simplesmente não abro o arquivo.

Eu adoraria simplesmente numa ocasião dessas entrar na web, me logar no site da Corel e ter acesso ao Coreldraw online. Os arquivos seriam salvos na máquina do usuário, o programa ficaria no servidor e carregaria na máquina apenas pelo tempo do uso (mais ou menos como o próprio editor do blogger). Como as empresas lucrariam com isso? Simples. Ao invés de cobrar os TUBOS por versões em CD de seus softwares, elas cobrariam assinaturas pelo uso do serviço por um tempo X ou uma modalidade para débitos rápidos em casos como o acima, em que eu precisaria usar o soft uma ou duas vezes. Fora os banners etc, enfim, publicidade, ofertas e outros recursos clássicos de uma página web.