segunda-feira, maio 05, 2008

Reflexões sobre telemárquetíngue

Forçada a trabalhar de casa hoje por causa de Murphy, o telefone não pára de tocar. Trabalho? Não, operadoras de telemarketing. Dá vontade de deixar o telefone fora do gancho. Mas eu não deveria ter de ser obrigada a indisponibilizar a minha própria linha de telefone para ligações que eu queira ou precise de fato receber por causa do assédio dos telefonemas indesejados. Meu telefone fixo acaba sendo refém de um dos piores tipos de SPAM, o telefônico.

E eu me pergunto, porque afinal de contas eu me formei em publicidade, se com uma política absurda que faz com que as operadoras cheguem ao ponto de te ligar num domingo de manhã para tentar vender um produto que você não quer sabendo que provavelmente irão ser xingadas ou as pessoas irão desligar o telefone na sua cara, porque as empresas ainda insistem no telemarketing ativo?

O telemarketing passivo, quando não entregue na mão de operadoras sub-qualificadas, pode ser bastante eficiente: toda empresa precisa de um bom canal de atendimento ao cliente e o atendimento eletrônico (disque 8 para morrer de tédio, 9 para começar tudo de novo...) não substitui a interação com outro ser humano. Operadoras bem treinadas no Atendimento ao Cliente são um dos melhores cartões de visita de uma empresa.

Telemarketing ativo, porém, é uma praga que deveria ser exterminada. Todos os gerúndios e insistência do mundo não vão fazer com que eu queira mais um cartão de crédito e, francamente, a minha tendência enquanto consumidora é atribuir um valor NEGATIVO a uma empresa que invade a minha privacidade e interrompe a minha rotina em horas indeterminadas para tentar me fazer consumir um item do qual eu não tenho necessidade ou estaria procurando ATIVAMENTE por ele. Ninguém me perguntou se eu gostaria que ligassem para a minha casa.

Não existe opt-in e opt-out de telemarketing. O sistema está todo errado. Se eu pudesse, gostaria de poder processar as empresas responsáveis por este tipo de assédio. Eu já tenho minha conta no banco e as operadoras do Santander e do Unibanco não vão me forçar a abrir mais uma me perturbando até a exaustão. E eu processaria o fornecedor E o cliente, já que este é quem alimenta a máquina de spams telefônicos.

Para piorar, o telemarketing ativo está errado em todos os níveis: só trabalha neste tipo de emprego quem é inexperiente ou está desesperado, a rotatividade é altíssima, as metas quase impossíveis de atingir, o salário sub-baixo, as listagens suspeitíssimas e defasadas (conheço pelo menos dois casos em que o operador ligou para a casa pedindo para falar com alguém que já havia morrido) e as empresas de uma forma geral são um lixo podre de corrupção e falcatruas.

Telemarketing é que nem linguiça: se você soubesse como é feito não consumiria. Eu acho TODAS as empresas que usam telemarketing ativo, sem exceção, BURRAS. São empresas que ATIRAM NO PRÓPRIO PÉ e estão pedindo para serem boicotadas. Ser obrigado a usar os serviços de uma empresa ou um banco que faz uso do telemarketing ativo para importunar as pessoas não significa ter uma relação positiva com a empresa. E sabe o que acontece com o cliente insatisfeito? Assim que oferecerem para ele uma alternativa decente, ele te abandona muito satisfeito de ter se livrado do incômodo, e ainda vai fazer o possível para que todas as pessoas no círculo de conhecimento dele não usem os serviços da sua empresa. Vale a pena? A resposta parece óbvia.