quinta-feira, agosto 23, 2001

Se Houver um Tempo

Desperte, amor, a noite já chegou
Vamos brindar uma vez mais o fim das esperanças
Não há rotas a seguir, nenhum caminho
Há um velha e conhecida solidão no ar

Neste momento algo em mim está morto
Talvez a juventude chegue tarde demais
Talvez o fim seja inevitável
Nenhum de nós dois sabe do que é capaz
Nem se importa por ser um não-ser

Mas a velha chama da paixão ainda não apagou
ainda somos marginais no nosso amor
Fugindo dos limites de qualquer intimidade
Crianças da noite esquecendo o que não têm

Então vamos viver enquando ainda é tempo
Vamos apenas viver enquanto ainda é tempo
Antes que as flores murchem
Antes que o dia raie novamente
Não posso imaginar momento melhor que agora
Para ter você em meus braços mentindo o amor
Não admitindo que o que sentimos é mais forte que a dor
Veremos anoitecer fazendo amor sob a lua
Sem ter certeza de que haverá um depois
Esquecendo os erros em nossos caminhos
Apenas vivendo um último momento
Como se este fosse o primeiro
Fazendo já não poder existir adeus
Vindo de seus trêmulos lábios vazios
cálidos e amados lábios vazios
exalando melancolia em cada gemido
Não há coração inocente em nossos peitos abandonados
Mas juntamos alguns restos, colamos alguns pedaços
Uma vez senti um sopro de vida passar por mim
Quando olhei em seus olhos procurando me esconder

Quem sabe o amor seja algo assim
Uma história sem começo, nenhum nexo
Esqueça tudo, me dê outro beijo
Não quero pensar por esta noite inteira
Quero viver apenas mais algum tempo
Apenas para ver onde eu posso chegar

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