segunda-feira, setembro 26, 2005

Chove lá fora e eu aqui, sozinha no meu quarto, penso em você. No teu abraço, no arrancar das roupas, em acariciar teu corpo suavemente e pensar na perfeição criada pelos deuses, na beleza que existe na mistura do teu corpo com o meu, tudo simples, perfeito e bom. Minhas carícias foram preces suaves e silenciosas a esses deuses que nos criaram à sua semelhança para que nós também pudéssemos desfrutar do prazer e do amor. Ostara. "Você sabia que nós estamos fazendo dois meses hoje?" ele diz, com olhar de menino, enquanto me abraça. E eu guardo para mim o pequeno segredo que todos os que cruzaram o meu caminho ao longo do dia sabem menos ele: "Claro que sei, pensei nisso o dia inteiro e a despeito de todas as dificuldades, convites e desvios, eu não gostaria de estar em nenhum outro lugar nem fazer qualquer outra coisa esta noite do que estar em seus braços..." A verdade é que se me fosse dado o direito de escolha, eu escolheria passar todas as noites e acordar todas as manhãs em seus braços.

Eu fecho os meus olhos e tento recuperar pequenos momentos fora do tempo. Tão frescas permanecem as imagens do sol brilhando na prata dos teus cabelos na tarde de sábado, se refletindo obliquamente nos teus olhos, emoldurando em luz a tua boca e me trazendo lembranças daquele primeiro e interminável beijo, tão doce, tão diferente de tudo o mais que eu havia conhecido até então, e o pensamento/constatação de que aquele charmoso desconhecido me beijara de uma forma que homem nenhum jamais me beijou. Afortunada eu sou, que ainda o tenho a meu lado. As sombras das árvores e os raios de sol brincam de tecer seu chiaroescuro em seu rosto semi-adormecido. Uma ternura tão grande emana de mim que eu creio vê-la transbordar dos meus olhos, do meu coração e da minha boca, que deixa escapar em palavras o pequeno mantra que cada parte de mim externa: amo você.

Na manhã de domingo, vagando pela cidade, a realização deste amor estava tão presente no meu rosto que não houve um vendedor que cruzasse meu caminho que não me considerasse "estranhamente iluminada". É que levei Neil Gaiman e Alan Moore para casa, para me fazer companhia, junto a um bolo com gotas de chocolate e algumas passas. Levei também o sobrinho do Rei Arthur, para fazer companhia a seu tio e a Merlin, já senhores da minha estante.

A chuva estiou e a noite já se alonga. Eu sei o que pedir a Oneiros esta noite. Você pode adivinhar o que será?