domingo, maio 17, 2009

Balanço de férias

É interessante quando eu paro para pensar que essa é a primeira vez na minha vida em que tive férias. Férias, mesmo, não alguns dias que tirei para fazer mudança de apartamento ou ficar em casa porque estou doente. E uma quinzena, não um mês inteiro, eu realmente não consigo me imaginar um mês inteiro sem trabalhar. Sério, fiquei fora 18 dias e estou ansiosa para voltar.

Eu sempre vendi minhas férias, as empresas em que trabalhei sempre roubaram nas horas extras e o banco de horas sempre serviu para pagar de volta os meus "atrasos" (eu assumo, nunca gostei de trabalhar em esquema 9-18, mas também se cada empresa fosse me pagar o quanto eu já trabalhei fora do horário dava três vezes o que eu cheguei mais tarde), até porque na minha vida parece que todos os problemas possíveis e imagináveis gostam de se concentrar no período da manhã.

Esse período foi uma experiência interessante. Não foi o que eu queria, porque só para variar eu estava sem dinheiro, então passei férias em casa. Eu queria, MUITO, ter ido pro Rio rever os amigos e tô com saudades dos meus pais. Queria ter visto o Fê e a Marcela e conhecer meu "sobrinho" que já deve estar quase andando e eu não vi nascer, fora a Annika que nem lembra mais de mim. Queria ver a Ana (e saber que ela tá bem e feliz e ter uma desculpa para abraçar muito ela), a Flau, os padrinhos do Gabriel e o filhão deles... O 'Rique veio da Inglaterra pro Rio e eu não vi, nem senti o cheiro do resto dos Lobos. Um final de semana não basta, eu ia precisar de pelo menos uma semana bem corrida pra matar a saudade deles e de tanta gente e quem sabe armar um "aniversário fora de época" como o Santi gosta rs...

Mesmo sem dinheiro havia várias coisas que eu planejava ter feito e não fiz. Eu queria ter procurado um psicólogo pro Gabriel, especializado em hiperatividade. E um terapeuta pra mim.
Eu queria ter estudado Flash e criado protótipos de jogos que seriam úteis no trabalho. Eu queria ter desenhado mais, pintado o cabelo, feito "N" coisas. Mesmo assim foi bom, porque eu notei algumas coisas interessantes sobre mim mesma.

1 - Eu precisava MESMO descansar. Passei os primeiros dias dormindo bem mais do que o normal. Eu estava fisicamente e mentalmente cansada. Passei um bocado de tempo envolvida com um jogo pro Ota, aproveitei pra ver uns filmes e tal. MAS eu precisava de um tempo para descansar, e realmente, depois de alguns dias fui voltando ao meu "eu" normal. Daí comecei a ficar mais produtiva, e consegui tirar uns 3 dias para organizar coisas que eu nunca organizava por pura falta de tempo: fiz uma faxina à parte só nos papéis e documentos, joguei muuuuuuito papel mesmo no lixo de reciclagem.

E finalmente tive tempo de organizar uma pasta que tenho onde guardo lembranças de momentos legais. Dentre eles, coisas guardadas da maioria das Anima Mundi e coisas que eu nem sabia que tinha guardadas, como uma carteirinha do Clube de Vídeo da escola em que eu estudei no segundo grau. Eu devo estar querendo parar para organizar meu "scrapbook" há anos. O namorado reclama que eu tenho mania de guardar ingressos de cinema etc, mas eu sei EXATAMENTE para que serve a minha pasta: é uma terapia poderosa quando eu estou deprimida, lembrar que vivi, sim, coisas legais.

2 - Acho que, por mais que eu goste de estudar por conta própria e leia ebooks e mais ebooks, eu aprendo melhor e me sinto melhor quando faço um curso presencial.

3 - Eu ando precisando REALMENTE de um tempo só para mim. Era nas horas em que o namorido estava no trabalho e o Gabriel estava na escola que eu conseguia focar nas coisas que eu realmente preciso fazer, me organizar, e produzir coisas. Estou sendo sempre levada pela força das circunstâncias, do que é preciso fazer, e quando estou com Gabriel do lado e ele quer atenção, não consigo fazer nada direito. Preciso de um espaço fora do apartamento para levar uma mochila com o notebook, meus papéis e minhas lapiseiras. Mas como e onde achar esse espaço não sei.

4 - Eu faço melhor faxina e outras coisas físicas com luz do dia, e eu me concentro melhor e sou mais criativa de noite.

5 - Acho que preciso de segurança para vencer certas barreiras. Sinto falta de alguém para me acompanhar na busca pelo médico pro Gabriel em SP, por exemplo. Eu me sinto muuuito sozinha e travo, reflexo talvez da síndrome de pânico atacando, e já me peguei hiperventilando só de pensar em sair de casa para encarar uma ida ao hospital sozinha. Dá uma puta vergonha saber que tenho de ser levada pela mão, mas é o que tenho percebido. E um nó na garganta sabendo que não tem quem me leve pela mão.

6 - Não sirvo pra serviço de casa, o tempo que isso me toma poderia ser gasto estudando ou produzindo outras coisas. Mas daí eu tenho dois problemas: encontrar uma faxineira de confiança e arrumar dinheiro para pagar a faxineira.

7 - Se de alguma forma eu conseguir guardar dinheiro, quero criar um pequeno fundo para viagens. Ficar presa em casa quando você quer sair é MUITO frustrante. E com Gabriel aqui, todas as despesas com viagem são em dobro.

De resto, eu consegui organizar melhor minha casinha, vi Star Trek no dia das mães, desenhei, mexi no Flash, vi muita televisão e consegui finalmente ver o meu filho fazendo três gols seguidos no treino de futebol da escola dele! Ainda colaborei com a Wikipedia, fiz traduções pro Quarto Mundo e colaborei com o jogo para o Ota, que deve entrar no ar em breve.

Não foi tão produtivo quando eu queria, mas consegui cumprir meu objetivo principal: descansar.

Agora é conseguir pintar o cabelo antes do domingo terminar :P