Eu me lembro como se fosse ontem: ele passou de relance nas mãos da enfermeira (malditos hospitais públicos) e eu fiz força para me erguer enquanto o médico dava os pontos e para ver pela primeira vez meu bebê: uma coisinha muito branca com narizinho de batata, igualzinho ao que eu já tinha visto nos ultrasons.
Mais tarde ele veio pra mim, enroladinho na manta presa com fita crepe, parecendo um pacotinho de presente: branquinho, bochechudo e com a boquinha fazendo um biquinho em forma de coração. Peguei ele no colo e ele abriu aqueles olhos de jaboticaba, olhando para mim com uma expressão de "ei, eu conheço você!" O instinto bateu forte e o coloquei para mamar pela primeira vez... eu tinha tanto leite que jorrava dos seios entre as mamadas!
Hoje se passaram dez anos e eu tenho um pré-adolescente em casa para cobrir de beijinhos e presentes... Um menino inteligente, doce e carinhoso, esperto e sem papas na língua e que quer saber o porquê de tudo ao seu redor, que já matou todos os peixes do aquário mas já trouxe gatos abandonados pra casa, que me faz morrer de rir e me deixa louca com a tagarelice, doido por aviões e que sonha em ser piloto se a hiperatividade deixá-lo passar na prova da academia.
Já quebrei um pé e virei noites acordada no hospital por ele e faria tudo outra vez. Já sofri e chorei de rir com ele. Sou uma mãe-gata, que adora ficar cuidando e lambendo a sua cria. Ele é ligadinho na tomada e tem o abraço mais gostoso que eu já recebi. Amo muito esse meu anjinho gorduchinho e levado!
Feliz aniversário, meu Gabriel. Não vejo a hora de poder te beijocar muuuito!