Em primeiro lugar, a culpa foi minha: estava distraída escrevendo um SMS no A1200 enquanto andava pela calçada da rua de casa, com a cabeça no lançamento do Adobe CS4, ao invés de ser a paranóica de sempre.
Ele me viu distraída e sozinha, atravessou a rua e veio direto na minha direção, falando pra eu dar o celular pra ele. Olhei ele de cima em baixo: moreno, alto, uns 19 anos, boné e mochila nas costas, a mão na cintura por baixo da blusa. Obviamente não estava armado, só queria me ganhar no susto e no medo. Simplesmente me vi falando "ih o cara aí ó" e atravessando a rua para longe dele, rezando pra não estar errada e tomar um tiro ou facada pelas costas. Ele não me seguiu, provavelmente bolado pela minha tranqüilidade, e assim que eu confirmei isso botei a boca no mundo gritando "pega ladrão!" com todas as forças. Ele botou sebo nas canelas e se mandou correndo na direção da Vergueiro.
Meio que me irrita constatar que justo quando eu relaxo da minha paranóia habitual a vida vem e me prova que ser paranóica compensa.
Meio que me entristece saber que ser carioca e ter nascido e crescido no Rio de Janeiro me deu know-how o suficiente para não só encarar tudo de uma forma quase zen mas ainda achar a tentativa de assalto do bandidinho paulista quase engraçada.
Me entristece mais ainda saber que pela pinta do cara, pela idade, pelo horário e pela mochila ele provavelmente deve ser estudante da escola estadual que fica na rua.
Por via das dúvidas combinei com o namorido de me pegar na saída do metrô nos próximos dias. Paranóica sim, e muito, mas postando do celular!