sábado, março 05, 2005

O momento veio, o momento passou. Ah vida, como você é estranha. Mas quem sou eu para me queixar, eu que já tive tudo aquilo que quis, cada coisa que desejei, mesmo que fosse por um breve momento? Talvez por isso o tédio, a necessidade de me aquietar. Não há mais desafios a não ser tentar tirar a cabeça do travesseiro a cada manhã para vencer a mim mesma. Eu ainda gosto de pensar que algum dia haverá outro corpo nu na minha cama junto ao meu todas as manhãs quando eu acordar, gosto de ter um homem para cuidar e que também cuide de mim. Posso fechar meus olhos e ver desfilar fragmentos de lembranças incontáveis de mais manhãs do que sou capaz de lembrar. Manhãs boas, felizes, gostosas... e muito bem acompanhadas.

Eu não posso deixar de sorrir. Não é a primeira vez. O momento passou. Sou exigente demais nos meus devaneios. Tu as vieilli, mon rêve. Como uma orquídea cultivada com carinho por mais de um ano, que agora começa a murchar e perder seu encanto. Oh brighteyes, where thou lost thy light?

Divertido descobrir que estive tão perto, alguns meses atrás, no auge do meu devaneio. Se eu tivesse ousado um pouco mais, o momento teria sido o certo. Agora, o que teria sido não seria o mesmo. Mas eu me conheço, e sei que, se ainda estiver escrito que irá acontecer, será um belo requiem em nome daquilo que não foi. É apenas a tranquilidade doce e absurda de quem sabe que tudo o que quer vem na minha mão, e eu quis você tempo demais para abdicar de uma noite ao seu lado, uma manhã com sabor de despedida, uma vez e nunca mais.

O preço de se ter aquilo o que se quer é ter aquilo o que se quer. Eu quis você no passado, mas não sei se desejo o que você se tornou. Damn, rs... Porque diabos eu tinha que ser tão tímida e insegura? Agora é tarde demais.