quarta-feira, junho 11, 2003

Here we go again... de volta à pílula azul...

Ela vem assim, sub-repticialmente. Começa devagar e vai crescendo oculta dentro de você, ganhando espaço... Não adianta mentir pra si mesmo, tentar se enganar. Pode-se viver a vida maravilhosamente, momentos mágicos, perfeitos, ela continua ali. A cada momento a sós, consigo mesma, ou retornando a cada segundo de intervalo da vida cotidiana, sob a aparente certeza da felicidade. Essa sensação de impotência, incompetência, solidão absoluta e massacrante e todas as pequenas dores que você guarda no peito, tudo aquilo que você cala enquanto força um sorriso no rosto, mais ou menos como ter agulhas cravadas na palma da mão enquanto tenta sorrir para uma fotografia que mostre o quanto você é perfeita - qual das duas é menos real? Os motivos são os mesmos de sempre. Dinheiro, culpas diversas que não gosto de atribuir a terceiros. Mas ontem a carga pesou muito nos meus ombros... Quando tudo dá errado e você começa a oscilar entre crises de ansiedade, choro convulsivo e solitário (é uma tortura - não há ninguém que você ache que tenha o direito de perturbar para desabafar e ao mesmo tempo tudo de que você mais precisa é apoio e não pode pedir, que direito tem de atrapalhar a rotina alheia com seus problemas? Equivale a quase uma paralisia emocional) e olhar com simpatia para a idéia de utilizar aquele bisturi guardado na caixa de material de desenho em técnicas avançadas de decoração da pele na região do seu pulso, não há muita escolha: ou se entregar ao oblívio momentâneo e finito, ou se forçar a continuar por aqui, afinal "as responsabilidades" - filho, emprego etc... O estúpido nisso tudo é que eu tenho que continuar independente da minha vontade, não tenho o direito de estar infeliz, insatisfeita... Eu não tenho o direito de me sentir cansada, pra baixo, de achar tudo isso estúpido e jogar tudo pro alto. O que eu realmente queria fazer na minha vida, a necessidade imensa de começar tudo de novo, do zero, voltar a estudar, criar, nada mais se tornou que um "escapismo", uma "fantasia". A realidade é a sobrevivência cotidiana sem direito de reclamar, chorando calada quando o saco enche. Então é isso. De volta à pílula azul, pra segurar a barra e continuar fingindo pro mundo que está tudo bem. Eu só queria acreditar que tudo está bem... queria fazer com que realmente estivesse, dentro de mim. Às vezes fica por um tempo... o perigo é estar sozinha por muito tempo, comigo mesma diante do espelho. Aí não há como fugir...