domingo, março 30, 2008

A difícil arte de ser solidário

Eu ainda me lembro da primeira vez que doei leite: Gabriel havia acabado de nascer e, no quarto da maternidade que eu dividia com outras três recém-mamães, o leite de uma delas ainda não tinha descido e seu bebêzinho chorava de fome. Eu tinha mais do que o suficiente para ajudar e amamentar o meu filhote... Para alguém que tem sérios problemas para manter um bebê dentro da barriga, eu me revelei uma mãe e tanto: tive leite praticamente jorrando dos seios a partir do quinto mês de gravidez. Gabriel foi um bebê guloso e mesmo assim eu tinha muito leite sobrando... Toca a procurar um lugar que aceitasse doações de leite materno.

Aí veio a surpresa: ligamos para vários lugares. Uns não sabiam dar informação, outros não pegavam em casa, outros simplesmente disseram que não estavam interessados. Eu fiquei besta: tanto bebê precisando de leite por aí e os caras recusando?! Literalmente tivemos de correr atrás de um lugar que aceitasse doações e pudesse pegar em casa. Finalmente descobrimos: O Instituto Fernandes Figueira, no Flamengo, para onde doei leite durante quase seis meses! Eu estava morando em São Gonçalo, na casa dos meus pais, e não houve um lugar em São Gonçalo ou Niterói que quisesse o leite que eu queria doar!

Quando Gabriel fez 5 anos, eu tive condições de fazer uma daquelas festas de aniversário com tudo a que se tem direito: mesa decorada, salgadinhos fritos na hora, bolo encomendado, sacola-surpresa pra molecada... Muitas crianças não foram e sobrou metade do bolo, muitos salgadinhos, docinhos e brinquedos. Não tive dúvidas: bati um papo com o Biel, fizemos uma triagem dos brinquedos dele, separamos uma boa leva para doar e ainda fiz uma mini-campanha via fotolog e blog pedindo para quem quisesse contribuir entregar itens no meu trabalho na época. Para minha agradável surpresa, muita gente boa apareceu com sacolas cheias de brinquedos :) Dessa vez a internet me valeu: encontrei um orfanato em Itaúna, São Gonçalo, que recebeu literalmente uma kombi lotada de doações, mais o bolo de aniversário, chapéus, docinhos, salgadinhos, uma verdadeira mini-festa para eles e uma lição legal pro meu filhote.

Agora que estou morando em SP estou tendo dificuldades em me achar: estou com REMÉDIOS sobrando da época em que operei. Acho um tremendo desperdício jogar remédio fora. Antibióticos, anti-inflamatórios e até alguns remédios de tarja preta que eu não vou mais usar. Caramba, pra onde doar? Cá estou eu, mais uma vez, correndo atrás. Até agora só vi páginas de ação social de bancos que não dizem o que eu quero saber e a página do Ajuda Brasil quer que eu faça um cadastro e forneça meus dados para fazer uma "doação de bens" e não esclarece onde nem como. Nem a pau, Juvenal. Parece que tem um lance de arrecadação de remédios do Rotary Clube no Tatuapé. MAS no site não diz que entidades estão sendo beneficiadas, o que me incomoda MUITO.