Então, amanha eu perco mais um siso, e com ele totalizo 50% a menos de juizo. Enquanto isso, no Rio de Janeiro, a seis horas de distância de mim, Gabriel vai fazer sua primeira prova de recuperação na vida, em matemática. E eu nao estou do lado dele, ajudando, explicando matéria,
dando apoio e abraços e simplesmente estando ali. Eu sei que ele está um bocado nervoso e assustado, e meu coração dói sabendo que tudo o que eu posso fazer é estar presente via telefone.
Sinto a taquicardia velha conhecida, a garganta fechando, a sensação de perigo iminente, que nunca, nunca, nunca se realiza, fica ali eternamente à espreita, sugando minhas energias, a vontade de sair gritando e chorando vetada pela minha auto-crítica - eu choro, tremo,
fico sem ar e passo mal, mas pelo menos nunca fiz uma cena, e quem olha de fora nao sabe que estou tendo uma recaída. Síndrome de pânico é uma merda, eu SEI que amanhã as coisas vão estar bem mas meu coração insiste em disparar, independente do que eu me diga. Ao menos
as crises agora sao raras e passam rápido e eu tenho um porto seguro a meu lado para me confortar e ajudar a crise passar. Mas eu ainda sinto vontade de jogar tudo pro alto para ficar ao lado da minha cria.