Assistindo o filme na Tela Quente segunda, lembrei de uma coisa que sempre me incomodou na história: o happy ending. Não estou aqui reclamando da história dos vírus que matam marcianos, é bem plausíveluma infecção dessas acontecer, vide o que acontece no contato mesmo das populações indígenas com o homem branco, tantas doenças para as quais eles nunca tiveram anticorpos. O que me irrita é a ingenuidade surreal do final onde depois de passar pelo inferno na Terra, ver centenas de pessoas morrer e ter de viver sei lá quanto tempo escondido num buraco o protagonista simplesmente encontra a mulher dele (ex-mulher no filme), intocada, ilesa, linda e faceira, exatamente no lugar onde ela deveria estar, também devidamente intocado.
Quando o filho adolescente do Tom Cruise apareceu do nada de trás da mãe dele depois de ter supostamente morrido numa explosão meu estômago revirou: pelo menos tivessem a decência de mantê-lo morto!
O final de Guerra dos Mundos parece algo que foi costurado ali de propósito, encaixado às pressas por alguém que precisava dar palpite na história. Meio que reunião de atendimento e marketing com criativos em agência de publicidade, sabe:
- "Olha, eu até gostei da história, verdade, mas ela é meio violenta... E esse final, não sei, acho que precisamos de um final mais positivo, sabe, com mais esperança, mais amor, o públicogosta de amor, amor vende bem uma história.
- Ei, que tal se ele se apaixonasse por um dos marcianos? - diz o atendimento.
- Não, péssima idéia, muito ruim mesmo. Outra coisa, o que é todo esse sangue usado para regar essas plantas alien&ígenas, meu deus?
- Eu não vou mudar a parte das plantas, isso não é negociável, pode esquecer!
- Claaaro que não, Orwie, posso te chamar de Orwie, não? Façamos o seguinte: as plantas vermelhas ficam, tudo na sua história fica, mas nós só fazemos uma pequena mudancinha no final do texto, beeem pequena mesmo: ele reencontra sua esposa, o grande amor da sua vida, no final da história. É isso. Happy end!
- Mas eu matei ela no segundo capítulo, isso não faz sentido!
- Não importa, acredite em mim, o público vai a-do-rar! Ela está viva, só parecia que estava morta, fica sendo uma surpresa para o leitor, confie em mim, tudo bem?
- (grumble grumble)...
- Legal, Orwie, eu sabia que nos entenderíamos perfeitamente bem."
Pena que agora estou sem tempo para verificar se a minha teoria tem algum fundamento. Não duvido nada...