Esperando o namorado chegar no metrô Ana Rosa, de repente o menino desliza por baixo da mureta ao lado das roletas com a agilidade de um gato, bem na minha frente, como se eu fosse invisível, ou como se invisível fosse ele.
Granted, ele passa por várias pessoas na estação e nem uma sequer nota ele. Praticamente invisível. Para minha surpresa, ele vai direto para a caixa de doações para a caridade da estação e fica lá procurando algo que não encontra, a caridade aqui mais direta e imediata do que eu jamais pensei que pudesse ser. Uma roupa, um brinquedo, uma surpresa, qualquer coisa que sirva. Só ele sabe dizer.
Assim como veio ele se vai, com seu andar de gato. E me deixa pensando na vida, e se alguma coisa que eu deixei numa caixa dessas já ajudou um menino desses, que não esperou a caridade vir até ele e foi até ela, e se algum segurança do metrô visse ele e talvez brigasse com ele ou o acusasse de querer roubar as doações que, no fundo, deveriam ir para gente como ele.