quinta-feira, novembro 14, 2002

Consegui perder este post no Palm, então não vai na íntegra. Mas o Bix estava pedindo, então re-edito na medida do possível:

Este finde foi SURREAL (o bombom preferido da Morte, que devolveu minha SIP mas não o resto das minhas coisas, odeio mulher enrolada, tsc, tsc...)

Eu ia pra Mutante dançar no sábado quando um passarinho gelado me contou que não ia rolar show lá... Fazer o quê? Fui pra La Girl. Oh yeah... Tia Lanika continua mantendo a tradição: definitivamente eu só atraio mulheres gordinhas branquinhas e complicadas. Principalmente complicadas.

E domingo foi o show da Bethânia... que dia SURREAL. Tia Lanika chega em casa de ressaca, toma um banho, troca o modelito Bonequinha de Luxo/Diva Decadente da noite anterior pro modelito saia indiana-camiseta de Shiva (Shiva é o senhor das Mudanças, grande Shiva!) e sandalinha prateada, óculos escuros e cabelinho encaracolado e toca pra praia. Entra na van e tem um loiro-alto-de-olhos-azuis-malhado-pinta-de-modelo sentado no banco de trás. E ele fala comigo como se me conhecesse, ficamos conversando a viagem inteira, pegamos o mesmo ônibus no Rio e ele faz questão de anotar meu telefone de qualquer jeito! Pra completar, estudamos no mesmo colégio e ele pergunta se eu não fui namorada dele na época... (blush, blush). Não, eu era uma coisinha-dentuça-cdf-de-óculos-fundo-de-garrafa. Todo mundo e o Bixcoito sabem que eu gosto mesmo é de morenos altos de óculos com pinta de nerd, mas fala sério... era O loiro!

Aí chego na praia... e um hippie fala comigo como se me conhecesse, me pega pela mão e me leva ao lugar que ele marcou na areia perto do palco com os amigos dele e me fala que se eu quiser assistir o show com eles ali, beleza, rs...
Fui andando pela areia ao som de Caetano, mas pra ser sincera nada tocou tanto o meu coração naquele fim de tarde como ouvir os acordes de My Girl ao violão pelo celular... sim, eu sou boba assim. Assumida.

O show da Bethânia foi maravilhoso. ELA é maravilhosa! O jeito que ela canta, unha enfiada na carne, cravando o punhal mais fundo e fundo direto no coração... Arrancando tudo de dentro de você com um sorriso imenso, lindo e doce, como se não fosse nada, te acariciando com a voz, te despindo de tudo, te expondo os sentimentos ali, no palco, todas as dores, amores, tudo que vem lá do fundo, cada lágrima e mostra pra você que apesar de tudo, de tanta dor, amar vale a pena, sempre vale a pena, é a coisa mais pura e bela que existe. Ter simplesmente amado, mesmo que sofrendo por isso, é uma bênção e ela canta com aquele sorriso imenso, purifica tudo, tudo renova, simplesmente entregue, cada pequeno detalhe, simplesmente feliz de estar ali naquele palco, cantando de olhos fechados, sentindo, vivendo intensamente... A definição mais pura, intensa e maravilhosa do que é ser mulher. Eu não tenho outra palavra pra descrever Bethânia: ela canta a essência mais pura do que é ser MULHER. Eu me senti abençoada. Purificada. Feliz. Exposta até a raiz da alma, mas purificada e bela no que eu tenho de mais divino em mim: eu também sou mulher. Eu também sei o que é sentir assim. Apaixonadamente, sempre. Sempre e sempre e sempre.

E aí acabou o show e a surrealidade voltou a tomar conta. Perdi a conta de quantas cervejas e baseados me ofereceram por quilômetro quadrado. Os vendedores chegavam pra mim e ofereciam, eu dizia que não tinha dinheiro e eles diziam "pra você é de graça!". Mas hein??? O que está acontecendo??? Volta e meia alguém me parava dizendo que PRECISAVA me conhecer e me chamava pra uma rodinha na areia. Mas meu espírito é andarilho e eu preferia sempre seguir meu caminho pela areia.
Numa dessas voltas passei por 3 pessoas: um careca de olhos azuis, uma clubberzinha branca, cabelos curtos e pretos, bandana na cabeça e um outro cara, moreno de cavanhaque. O careca olha pra mim como se me conhecesse (de novo?! eu penso com meus botões) e eu não resisto e digo: "Eu te conheço! Você é o King Mob. Ela deve ser a Ragged Robin. E ele ali deve ser o Jack Frost." A garota chega em mim e começa a dizer que se eu falar a língua dela a gente vai se entender muito bem. Eu respondo que a língua dela realmente deve ser interessante e se ela quer "me mostrar'. Ela diz que sim e eu digo: só se for AGORA. E a gente se beija. Corta pros dois caras surpresos se entreolhando com cara de "o que?!" Rs... essa foi a mais surreal da noite.
Aí eu volto a andar. E esbarro com eles de novo pra perceber que a garota está com o cara de cavanhaque e ter uma conversa surreal com King Mob. "Eu te conheço mesmo", ele diz. "Você estudava na UFF." Oooops. Saída pela esquerda...
Continuei andando. Copacabana não é Ipanema e a única rodinha de violão estava fraca de dar dó. Mais à frente eu vejo nas areias um cara. Vestido de preto da cabeça aos pés, cabelos lisos e negros, longos e sedosos, até a cintura, lindo. E ainda por cima pagão.Would you be the king of night to me? Mas não. Ele era holandês e ia retornar ao seu país. E ele tinha uma garota lá. Ele me fez refletir e ver que eu também tenho uma pessoa no meu coração. E que realmente no momento não cabe mais ninguém.

Resolvo caminhar pelo calçadão e começo a desconfiar que eu passei mel no lugar de desodorante... Porque tá todo mundo me olhando?! E literalmente um cara me pára no meio do calçadão na hora em que estou calçando as sandálias: "preciso fotografar você!" (ih, outro maluco... - penso). E não é que o cara saca uma Sony digital e me fotografa mesmo? Acaba tirando umas 3 fotos. Peço pra ele me passar por e-mail e ele saca um Palm qui nem qui o meu, rs. E ele mandou as fotos... como ficaram escuras, eu posto aqui D.P. (depois do Photoshop). Mas ficaram BEM legais!

Aí FINALMENTE (depois de mais umas 3 cantadas, rs...) consigo chegar no ponto de ônibus. PAZ, penso. Que nada! O cara no ponto de ônibus, pinta de clubber, vira e fala pra mim "eu juro que não é cantada, mas esse teu visual tá maravilhoso!" e do nada começa a conversar comigo e me mostra o cartaz da peça que ele está produzindo. "COMO você adivinhou que eu sou designer?" - pergunto. Vou conversando com ele até as barcas... e fui convidada pra estréia da peça, oba!

Desisti de entender o que aconteceu... e segunda aconteceu de novo, hahaha! Dessa vez foi um moreno que me parou no meio da rua porque "rolou uma energia positiva" hehehe. Só que nesse dia eu tomei o chopp mais gostoso dos últimos tempos então não tinha espaço pra mais ninguém MESMO! Se bem que minhas fontes me disseram que o vestido preto que eu estava usando realmente tem MUITO mojo ;-)

e fim.