sexta-feira, dezembro 13, 2002

Estou livre.

Ele foi na audiência ontem. Preparado pra guerra. Mas não houve batalha. Eu abdiquei de tudo. Não quero nada que não seja para meu filho, e seguir minha vida em paz. O que se dá com o coração não se pode cobrar com juros e correção monetária. O que construí ao lado dele foi por amor. Que me importa agora o dinheiro e os anos perdidos? Vi nos olhos dele que, apesar da mágoa, ele ainda me ama. E eu ainda o amo. Me doeu ver que os anos não fizeram bem a ele. Ele está mais gordo, a barba grisalha. Foi bom que nossos caminhos seguissem rumos diferentes. Me dói saber que ele não conseguiu publicar seus livros, me fez bem saber que continua escrevendo. E não pude deixar de rir ao ouvir da sua boca a mesma frase que ouvi de outra pessoa há não muito tempo atrás: "a vida não dá segunda chance". E respondi para ele a mesma coisa que respondi a primeira vez que me falaram isso: "a vida dá todas as chances que você quiser ter. Quem não dá segunda chance são as pessoas. E mesmo pessoas mudam."

O que se dá com o coração não se pode cobrar com juros e correção monetária.
É por isso que, apesar de precisar desesperadamente do abraço de uma pessoa muito especial, eu vou sozinha pra casa hoje. So sad, so sad. Sometimes I feel so sad. It's just another day. Vou sair de circulação uns dias. Volto quando tiver 27 anos e estiver me sentindo menos sozinha.