Eu sumi, eu sei, eu sei.... como sempre digo, estava ocupada vivendo. Afinal de contas, como vou ter história pra contar se ficar apenas passando o dia na frente do computador?
Desde quarta passada estou envolvida no projeto de uma agenda de temática cubista e depois de algumas noites viradas hoje finalmente o protótipo ficou pronto. E, modéstia que se foda, ficou MUITO bom! Somente para pessoas especiais e de bom gosto...
O outro projeto no qual estive envolvida desde sexta foi uma apresentação em Flash para o festival de cinema que está rolando em Búzios. Criei uma apresentação com os trailers dos próximos 4 filmes a serem lançados pela empresa e a diretoria não só aprovou como quer aproveitar meu material e criar um CD para distribuir entre as exibidoras :-)
3 dias pendurada em cima de um .fla de 300 mb, relembrando action script na marra, mas eu-estou-felisssssssssssssszzzzzzz, como diz o Droopy...
...e o coração também vai bem, obrigada.
Cahier de Voyage(updatado do Palm)
...e lá vou eu mais uma vez para Sampa, dessa vez por um bom motivo: a formatura do Alex na EEAr. Nunca pensei que um dia meu irmão ia virar milico, mas paciência. Pelo menos depois de tanto tempo ele finalmente encontrou o seu caminho e finalmente vai poder parar de enrolar a Márcia e eles vão casar... 3 horas da manhã, 4 horas de viagem a 160 km/h (é, meu pai veio chutado a no mínimo 120 por hora, e isso nas curvas) e eu matando saudades da estrada, vendo o dia amanhecer na via Dutra e tomando café da manhã no Graal... isso me dá saudades de um certo leão...
Chegamos. Meu pai parecia criança outra vez e eu descobri de onde veio essa mania que o Gabriel tem de falar com tudo que é estranho que passa na rua como se fosse conhecido: são i-guai-zi-nhos!!!! O velho leão, tão abatido nos últimos tempos que tem me doído no fundo do coração, estava feliz, tagarela, elétrico: falava com cada soldadinho no meio do caminho, fazia questão de dizer que era veterano da turma de especialistas em que meu irmão estava se formando, mesma tarjeta e tal (não me perguntem detalhes que eu não entendo nada disso) e de cumprimentar cada alma que encontrava no caminho, apontava lugares onde ele estudou, se surpreendia com o que mudou... E fez questão de seqüestrar o neto pra mostrar a ele os lugares onde tinha estudado e claro, exibir o neto pros outros veteranos rs... Até porque o Gabriel estava fardado.
E meu pai, que eu só vi chorar uma única vez na vida, não agüentou de emoção e chorou de novo quando viu meu irmão fardado pela primeira vez. Eu mesma chorei, escondida no meu canto, afastada de todos pra ninguém ver. Porque agora meu irmão vai literalmente casar e mudar pra outro Estado e me dói saber que ele nunca gostou de mim, mas mesmo assim eu o amo e fiquei feliz por ele. Não posso nem vou mudar minhas escolhas de vida, o que eu fiz e quem eu sou. Não posso obrigá-lo a me aceitar nem deixar de ser quem eu sou. Fica aquela sensação de impotência, mas paciência. Somos diferentes, sempre seremos. E eu chorei de felicidade por ele, porque ele finalmente parece ter encontrado seu caminho. E pedi aos deuses que ele esteja no caminho certo e que eles o abençoem.
Saindo de Guaratinguetá, meu irmão pediu para ir em Aparecida do Norte. Que lugar deprimente. O significado literal de "mercantilismo da fé" em todos os sentidos. A basílica em construção, uma obra faraônica de influências arquitetônicas neo-romanas que dá de frente para um "shopping dos romeiros'. Camelôs de fitinhas e santinhos e demagogia em excesso para um suposto lugar santo: em um canto da basílica existe uma parte onde manequins brancos com cocares e pinturas fakes tentam remeter a índios que mais parecem saídos de fantasias de carnaval ou de um filme americano, sem nenhum pesquisa étnica ou folclórica ao menos, numa suposta homenagem à população indígena do país. Juro: aquilo não era melhor do que as apresentações que a molecada é forçada a fazer nos colégios no dia do Folclore. Ruim assim.
E abaixo um salão dos "milagres", uma espécie de museu das placas, ex-votos e outros agradecimentos pelas graças alcançadas, a parte sem dúvida mais interessante da basílica, mas precedida por um salão enorme cheio de lanchonetes, livrarias católicas e lojas de tudo quanto é artigo religioso que você possa imaginar...
E depois fiquei sabendo que aquele pessoal cheio de "fé" passou a régua em acres e mais acres de uma belíssima mata nativa para dar lugar àquele horrendo estacionamento de asfalto e concreto para comportar todos os romeiros e àquele shopping, causando não só um impacto ambiental monstruoso na cidade, que sem a floresta é tão quente e abafada que nem os paulistas que moram perto suportam, como me deixando boquiaberta: que suposta fé é essa que destrói uma floresta criada pelas mãos dos deuses, um lugar muito mais sagrado na minha visão que qualquer templo faraônico construído pelas mãos dos homens, para substituí-la por um mega-estacionamento?! Como alguém pode cometer um crime ambiental desses em nome da exploração da fé de tanta gente?
Well... saindo de lá acabamos indo almo-jantar na casa do tia-avô da minha mãe, o que se revelou uma grata surpresa: meu primo mais novo desse ramo da família, Rafael, que eu lembro de ter visto ainda moleque, agora é um jovem professor de inglês que também fala francês e pinta quadros maravilhosos :-) E que a irmã mais velha dele é uma fotógrafa dona de uma agência de publicidade em SP... Tudo em família, rs. Me sinto menos ovelha negra, assim. Até porque esse ramo da família tem o hábito de degustar vinhos franceses ma-ra-vi-lho-sos, rs. Eu espero que ele venha para o Rio logo. Fiquei de mostrar os centros culturais da cidade a ele e faço com o maior prazer do mundo!