segunda-feira, maio 17, 2004

The Changeling.

Uma semente foi plantada dentro de mim neste girar da roda. E eu tenho refletido muito sobre muitas coisas por esses dias. E definido muitas coisas sobre mim mesma, quem eu sou, o que quero, como quero. Tenho, principalmente, parado para pensar sobre meus LIMITES. Começou despretensiosamente, quando alguém que me deu um presente inesperado me revelou uma faceta mais inesperada ainda a respeito dele mesmo e colocou em cheque as minhas próprias crenças com isso. Até onde eu fui até hoje? Até onde eu poderia ir se fosse chamada a tanto? Qual é o limite daquilo que eu aceito ou não fazer na minha vida? Qual é o limite que desintegra aquilo que faz de mim ser quem eu sou e qual o ponto onde esse algo se conserva? E se eu for além desse limite, o que restará de mim como eu sou hoje? Isso me destruirá ou me fará crescer? A inocência que eu conservo com custo há anos dentro de mim está preparada para morrer? E se apegar a isso não me impediria de crescer? E porque eu deveria me apegar afinal? Foi colocado um espelho diante de mim. E nesse espelho, eu vi a Deusa refletida na minha imagem. E isso mexeu muito comigo, porque percebi que boa parte dos laços que me prendem não partem das minhas necessidades e sim das limitações das pessoas ao meu redor. E eu vi que estava refletindo as limitações das pessoas em mim, mas elas não eram minhas.
De certa forma, isso me afasta mais ainda das pessoas do que já é meu hábito, porque me coloca além do alcance desses laços. Eu não tenho interesse em me prender a nada nem a ninguém no momento que me puxe para baixo. Isso me torna mais auto-centrada, mas também mais egoísta. Pior: estou sem paciência para poupar pessoas de suas auto-ilusões. Pior: eu tenho certeza de que irei machucar algumas pessoas no processo. E, tendo chegado a um consenso a respeito da minha vida, também estou tendo dificuldades para explicar aos que gostam de mim e se preocupam que seus conceitos e conselhos bem-intencionados no momento atual não se aplicam, salvo raríssimas exceções.
E a única pessoa que chegou PERTO de compreender isso foi a que conversou comigo sexta-feira à noite. Eu a princípio me senti como se ele houvesse jogado uma sombra sobre a alegria do meu momento atual, em que eu tenho novamente algo que julgava perdido. Mas depois eu percebi que ele jogou uma nova LUZ sobre o fato que me ajudou a perceber até onde eu quero ir. Ele me mostrou as teias delicadas em que eu estava envolvida neste retorno. A ele, meu muito obrigada. Não sei onde estou indo, só sei que não estou perdido, como diz o Renato Russo. E pelo menos uma coisa está bem definida dentro de mim, só que dessa vez com uma serenidade que me assusta:

Eu AMO o moço bonito. Isso é definitivo. Eu sou dele. Isso é tão certo quando o fato de que sou mulher. Ele está dentro de mim, ele faz parte de mim. *Mas* eu também sou do mundo. E neste exato momento eu não abdicaria do mundo por ele. Assim como ele não abdicaria da sua vida por mim. "Fazer parte de mim" não quer dizer que eu viva para ele, por ele, por causa dele. Há outraS pessoaS na minha vida neste girar da roda. E meu amor tem muito pouco a ver com aquele das pessoas que dizem "eu te amo" querendo dizer "eu te possuo". No momento moralismos judaico-cristãos estão me irritando profundamente. E minha falta de paciência para me explicar (e porque exatamente eu deveria me explicar para você???) faz apenas com que eu me cale, porque não há nada para dizer quando não há nada a ser dito. E insistir no assunto é apenas querer me sugar. E eu não estou muito a fim de ser vampirizada pela curiosidade de ninguém nos últimos tempos.

Mas nada é certo, tudo é maya e palavras são armas que podem ser usadas contra você. Talvez por isso eu prefira o silêncio, já que estou cansada de ser mal-interpretada. Alguém por gentileza faça o favor de me surpreender um pouquinho?