quinta-feira, maio 27, 2004

Este é um daqueles dias em que me estiro inteira, braços, pernas, dedos, tentando alcançar algo que não está lá. Essa fome de algo que não é meu, algo que não possuo, que me falta, cuja ausência me consome e que eu tento preencher inutilmente... Acho que hoje eu beijarei o ar, sentirei o cheiro do mar de Botafogo e mais uma vez me perderei de mim tentando me encontrar. Ah, mas tudo ao meu redor é tão incerto... E eu procuro por coisas novas com fúria, preciso aplacar isso que arde e ameaça me devorar, não amo quando alguém me diz vem e depois me deixa na incerteza. E isso se aplica a tantas pessoas, tantas na minha vida que nem mesmo eu sei nos últimos dias por quantas ando dividida. Fragmentos de mim espalhados pelos olhos dos homens de todos os lados. E a cama azul permanece gelada, embora rescenda ao perfume que me é mais caro por esses dias. Vinho e dois edredons, eternos parceiros da minha cama azul nestes dias que namoram o Inverno. E ainda assim, o que eu quero? Do que eu preciso? De algo. Uma pequenina certeza. Eu nunca recusei uma dança que valesse a pena ser dançada, mas essa valsa de pares trocados parece nunca findar! É isso. Estou vivendo num baile de máscaras. E por trás de todos eles, cada um belo à sua maneira, eu acho que continuo procurando você. Você, doce animus que meu espelho mal adivinha. Quanto de mim hoje você guarda dentro de si? Quantas valsas precisarei dançar até tocar minhas mãos sobre o rei da noite afinal?

Mas pararei de reclamar por esta noite de algo que não está aqui. It's time to make the mojo rise.