Esta noite meu anjo vadio virá e eu dancarei para ele vestida de carmim, vestida de luar. Beberemos um vinho raro há muito guardado para esta noite. Esta noite matarei a saudade de seus lábios frescos e vorazes, do reflexo de raios de sol em seus cabelos anelados, das linhas retas e másculas, das curvas firmes por onde minhas mãos não se cansam nunca de passear, das tolices que calo com minha língua. Do mel. Do fogo. Ai. Adeus, adeus meu amigo. Adeus, adeus doce amante. Adeus, adeus risada cristalina. Adeus, crianca, adeus. Mas como eu poderei dizer adeus e não até amanhã? Ai, eu não sei por onde meus passos me levarão em 2005, mas sei que não em tua direção. E o que eu faço com você, presente inesperado dos Deuses? O quê? Te deixo voar, abro a janela e te ofereço outras paragens e voce insiste em ficar. Onde a mãe encontrará espaço para ser mulher?
Esta noite meu anjo vadio virá e eu dançarei para ele. E talvez ele pergunte o que há por trás desse meu estranho olhar.