domingo, junho 30, 2002
Aconteceu de repente. Eu já estava dormindo, o telefone tocou. "Você me ligou naquela noite vazia e me valeu o dia..." Horas e horas noite adentro conversando no telefone, rindo e brincando. Às vezes eu esqueço como é bom. Poesia, uma música nova que ele compôs e tocou pra mim, boas lembranças. Enquanto a gente conversava, flashs de coisas boas passavam pela minha memória. O perfume dos cabelos dele, tão longos, lisos e sedosos nas minhas mãos, que eu adoro acariciar longa e demoradamente toda vez que nos vemos. Ele sempre pergunta se deve cortar, eu não deixo rs. Uma noite, há muitos anos atrás, em que eu adormeci em seus braços, menina-mulher ainda, ele cantando baixinho para me fazer dormir... Vampiros em Copacabana... Coincidências absurdas no Baixo Gávea... Paris em Icaraí. Eu olhei pela janela, a lua redonda no céu azul escuro da madrugada... Os olhos dele não têm o azul-escuro de fins de tarde de verão de Ricardo nem o azul-mar de Jean-Philippe. São antes do azul claro e límpido desta manhã de domingo, e doces como só olhos de poeta podem ser. Vou guardar sua música no coração. Eu sempre digo que se pode conhecer a alma de um homem pelo que ele tem dentro dos olhos e a alma de um músico pela maneira como ele toca seu instrumento...