quarta-feira, janeiro 15, 2003

Ahhh... quem pode me entender? Estive flutuando entre sentimentos inconstantes, me alçando à felicidade em pleno céu azul e caindo nos abismos sem fim da minha depressão, sentindo pequenas gotas geladas salpicando meu rosto... Granizo... Algumas pedras de gelo quando caem sobre mim tiram sangue... mas aprendi a pacientemente pegar o pano e secar o chão depois da chuva. Até porque os arco-íris que surgem por trás das nuvens compensam o sacrifício...

Eu ainda estou ferida por dentro, embora as feridas do meu corpo estejam cicatrizadas. Fechei as portas do meu corpo, preciso mais do abraço que do beijo e minha confiança se perdeu. "Me and a gun", um fantasma do passado. Eu pensei que era forte até acontecer outra vez... Ando outra vez pelas ruas desconfiando tristemente do olhar dos homens. Não quero seu desejo, tenho medo dele. Tenho medo que abusem de mim... Tenho medo de me ferir... E ser vista como um pedaço de carne a ser consumido no momento me é insuportável... é a lembrança amarga do quanto fui pequena e indefesa... Do quanto fui usada e ferida, exatamente como se eu não fosse mais que um naco de carne... essa humilhação ainda traz sombras ao meu coração e até que isso passe, até que eu consiga refazer meus passos e encontrar alguém que me mostre que não é assim, vou ficar aqui encolhida no meu canto deixando cicatrizar as feridas que um homem a quem eu amei tanto fez miseravelmente na minha alma... E a certeza que evoca as lágrimas, a impotência com a qual eu tenho que conviver é que eu deixei que ele fizesse isso comigo. Não pude me defender nem reagir... E agora terei que viver com isso. MAIS uma vez.

Tenho mergulhado em livros tentando fugir de mim mesma, tentando não pensar... O casamento do Alex, a perda do meu Palm, a lista de material escolar do Gabriel, as contas a pagar, todos bons motivos para viver sem olhar para dentro. Lembro das Flores do Mal do Renato Russo. "Fingir é fácil demais". Ou seria fugir?