segunda-feira, janeiro 27, 2003

Sexta fui ao encontro da Grande Mãe, fazer algo que não fazia há muito tempo... ir ao encontro de mim mesma. No tempo que passei meditando, percebi várias coisas sobre mim mesma e o mundo ao meu redor... Não sei ainda o que desencadeou isso, mas não posso fugir das sensações que vêem tomando conta de mim nos últimos dias... Stranger in a strange land. Pois foi isso que sempre fui e isso que sempre serei. Me lembrei dos meus primeiros passos no meu caminho, das coisas que vi e fiz até então, do quanto me afastei do que sou e devo ser pelas correntezas e ondas da vida, me deixei levar... por amor, por piedade, mas sendo franca comigo mesma: aonde isso vai me levar? Sozinha no abismo entre a relva, o mar e as estrelas na minha comunhão silenciosa com o que há de mais divino e real, me encontrei. E percebi com tristeza que até hoje não encontrei alguém com quem pudesse partilhar esses mistérios... As pessoas que conheço, todas tão envolvidas em suas teias, em suas emoções e defesas, de olhos fechados, crianças inconsequentes passando pela vida sem perceber que apenas estão brincando perdidas no jardim dos deuses... Como dizer para elas simplesmente parar e sentir, perceber o que há ao redor delas, o brilho tênue e sutil que existe por trás das formas com que o mundo se apresenta a nós? A realidade por trás de maya, como fazê-las ver através do véu se o maior véu que tolda sua visão é o que elas carregam dentro de si mesmas? Orgulho, ceticismo, medo de se sentir tolo, ansiedade demais para se entregar, tantas emoções, tanta coisa a impedir alguém de simplesmente sentar e se abrir, e receber o presente mais simples que uma pessoa pode receber... Fico pensando que talvez possa ensinar a meu filho a ver o mundo através de meus olhos, mas fico pensando que direito eu tenho de apontar uma direção se o que me propus a fazer era mostrar a ele toda a trama maravilhosa de possibilidades a seguir... Não é isso que procuro. Talvez seja essa necessidade intrínseca de acreditar que em toda a Criação há outro como eu, capaz de sentir a vida e as pessoas da mesma forma, já existente, não moldado por mim... E que um dia ele virá ao meu encontro.