Samhain vem aí... e eu estou cada vez mais introspectiva, embora ninguém note isso na superfície. Estou tensa, um pouco nervosa. A roda gira, o ano começa pra valer e as mudanças delineadas na linha do horizonte começam a acontecer... O inesperado é o mais esperado... O véu da realidade nunca esteve tão fino. Este Samhain eu deveria adentrar o coração da floresta e enfrentar a escuridão e deixar algumas coisas do passado se esvaírem na fogueira... já é tempo. Você pode sentir o ar noturno ficando mais frio? Sim, amanhã eu partirei para a floresta e estarei entre meus deuses... E comemorarei, e honrarei meus mortos e celebrarei o girar da roda. Este é o Festival dos Mortos, afinal. Uma depressão fina vem aderindo à superfície do meu coração e eu sei de onde ela vem, da minha insatisfação com o presente e minha incapacidade de mudá-lo ou prever o futuro... tempos estranhos estes em que o futuro imediato me parece tão nublado... eu apenas sei que o que virá a seguir será completamente novo e diferente, uma nova fase da minha vida e isso será bem-vindo... mas por trás da superfície calma existe uma tensão crescendo, eu não sei por onde estou indo ou o que estou fazendo, sou pura intuição, como se apenas vendada, cega e desorientada eu possa tatear e descobrir o caminho verdadeiro... luz, preciso de luz... a luz de uma vela e a luz do luar mas este sabá será na lua negra... e estou curiosa para ver por que caminhos os deuses me levarão este ano... eu sinto penetrar pelas minhas narinas, pelos meus poros, por todos os meus sentidos essa eletricidade, essa certeza intrínseca e sutil de que há mudanças chegando rápido... em todas as vidas que a minha tem tocado nos últimos tempos. E a frase ecoa no fundo da minha mente "já é tempo..." , e no fundo da minha mente estou sorrindo, mesmo que pareça mais uma criança assustada. Mas pelo menos por esta noite e por estes tempos tenho alguém para me deixar deitar a cabeça em seu peito e me sentir segura para seguir em frente...