quinta-feira, maio 31, 2001
Uma vez falei a um amigo que não era com todas as pessoas que eu acertava fazer massagem, porque isso dependia mais da sintonia entre as pessoas do que da vontade de fazer a coisa. Ele riu. Mas existem coisas que independem da cabeça, são puro corpo. Eu quando gosto de alguém gosto logo com os cinco sentidos. Gosto do cheiro da pele, da cor, gosto do tato, das partes ásperas e das macias, do contraste dos pêlos contra minha pele, do cheiro do cabelo, do brilho dos olhos e da cor e da forma da boca, do gosto da língua na minha, do gosto da pele e de todas as partes do corpo onde minha língua toca. Gosto do som da respiração, do som até mesmo dos passos, das pequenas modulações de voz (sou só eu ou o som da voz de um homem pode ter tantas texturas quanto a superfície de seu corpo? Voz rouca e mãos fortes, voz suave e aquela pequena dobra suave que divide a nuca, onde a pelugem mal se adivinha...) Sou capaz de sentir a presença de alguém no ambiente pelo perfume característico de seu corpo, por um suspiro numa sala fechada ou pelo som de seus passos. E às vezes, nem preciso disso. Muito poucos me surpreeendem de costas, sempre SEI quem está atrás de mim, graças àquela assinatura energética que falei acima. Uma colega de trabalho não pode compreender como posso gostar de uma pessoa pelo cheiro ou pelo som da voz. Pessoas assim me lembram Huxley em seu Admirável Mundo Novo. Pessoas limitadas sempre me lembram Admirável Mundo Novo.