Querido diário,
Hoje eu acordei com febre e a garganta inflamada. Com febre ainda estou. Perdi várias horas do meu precioso tempo pra ir no Neurologista e mexer com o que deixei quieto por anos a fio... Descobri que não existe equipamento no Rio de Janeiro para diagnosticar "parassonia", que é o nome pomposo da tal paralisia do sono. Só pra começar tenho de fazer um eletro (que se eu pretender fazer pela Aeronáutica vai me forçar a despencar até o Galeão, na Ilha do Governador, que é, claro, aqui do lado né?) e descolar um laudo psiquiátrico dizendo que eu tenho mesmo o que eu digo que eu tenho. Eu sei o que eu tenho, sei o que eu sinto. E não consegui respostas pra minhas perguntas. E daí que eles tenham o laboratório x, y e z só na China? Ninguém me disse se o que eu tenho tem cura ou se existe tratamento efetivo pra isso sem efeitos colaterais intensos! Além do que, tudo isso vai me custar um $$$ que eu simplesmente não tenho! E se depois que eu tiver gasto toda essa grana só pra alguém me dizer que eu tenho o que eu já sei que tenho, me disserem que o remédio custa o resgate de um empresário bem-sucedido do ramo de informática ou pior, que não tem cura e que eu tenho de conviver com isso pro resto da minha vida (que é o que eu tenho feito há, o que me lembre, 17 anos pelo menos, sem desembolsar uma fortuna por isso???). Enfim, "e ses" demais sem resposta concreta vindo de nenhum lugar e medo, pura e simplesmente, de mexer com isso e descobrir que é a ponta de um iceberg muito mais perigoso. Receio, também, de gastar tempo e dinheiro para ir a lugar nenhum.
Eu estou aqui, tremendo. Lá fora está quente, mas os ventos são gelados. Minha cabeça continua girando, a febre não está passando e tudo que eu queria hoje era poder me aninhar nos braços de alguém - daria tudo por um abraço apertado que me ajudasse a aquecer por dentro o frio da alma e me desse a segurança de que preciso. A pior parte de ser adulto é saber que não há mais ninguém disponível 24 horas pra cuidar de você, e que por mais que você precise de alguém a seu lado passará muitas noites com frio, enrolada na cama em dois edredons e chorando em silêncio (pra ninguém ouvir, mesmo sabendo que não tem ninguém pra ouvir).