sexta-feira, agosto 29, 2003
Sabe um medo que tenho? De finalmente um dia perder a batalha e me tornar amargurada com a vida. Se questiono sobre isso, é porque cada vez mais sinto que as lágrimas descem por um caminho definido, das linhas trazidas pela idade que começam a se formam nos cantos dos meus olhos, como se a água salgada das minhas dores estivesse talhando a superfície jovem da mesma forma que a nascente abre caminho para o leito dos rios. Eu SINTO suas dobras se definindo sob as ditas janelas de minh'alma. Por enquanto aparentes apenas nos momentos em que sorrio, esquecida de que tenho vergonha do meu sorriso, e nos momentos em que meu rosto se contrai de dor desesperada, no escuro do meu quarto e da minha solidão... As veias expostas dos meus pulsos sangram apenas dentro do meu corpo, doendo de uma forma suave, quase suportável. É fácil e talvez inevitável aprender a esconder dentro de si a fragilidade de nossa dor, aprendemos muito cedo esta lição. Mesmo que ela arranhe até sangrar escondida dentro de nós como um animal selvagem, aprendemos a contê-la, a engoli-la com um gole de chá, a nos trancarmos no banheiro, no quarto, na vida sempre que ela se torna impossível de estrangular mais tempo...