quarta-feira, setembro 04, 2002
"And this too, shall past..." não lembro quem disse isso a primeira vez. Elliot talvez ou outro escritor inglês. Chegou à minha boca pelas mãos do tio Neil, sempre ele. Mas é a pura verdade. Tudo passa, momentos bons e ruins. O instante fugaz de um orgasmo. As lágrimas da morte de alguém querido. Se eu algum dia quiser olhar para trás e falar "eu vivi isso", é aqui, agora, neste momento que devo viver loucamente, amar a vida com paixão e fervor. Isso não quer dizer chutar o balde do emprego, rasgar as roupas e sair por aí pelada com flores na cabeça panfletando ou coisa e tal. Dizem que a solidão era o mal do século passado. Talvez o mal deste novo século seja a ansiedade, eterna mãe da depressão, essa minha velha companheira de horas vazias. Quero fazer o meu caminho sem olhar para trás, quero viver um dia depois do outro com intensidade. Quero ser PLENA: ser mãe, profissional, amiga, amante, professora, aluna, fêmea, menina, experiente, ingênua, bonita, ridícula, gostosa, quero em mim cada pequeno aspecto de mim. Algumas vezes levar alguém especial comigo pela estrada. Algumas vezes caminhar sozinha. Não estou com pressa de chegar a nenhum lugar. Gosto de parar de vez em quando no meio da cidade apressada e furiosa e apenas observar o vaivém das massas. O olhar das pessoas. O que vai nos corações da cidade. É doce e triste. É mágico. Estou cada vez mais fugindo da armadilha dos "porquês". Porque as pessoas fazem o que fazem? PESSOAS SÃO. Momentos, também. Os momentos mais especiais são aqueles que a gente guarda como um tesouro, quietinhos, calados, ali na caixinha de recordações. Que a gente tira da caixinha e fica olhando admirada, saboreando detalhes devagarinho, um sorriso de gato de Alice no rosto, depois guarda lá de novo. Há pessoas que têm o raro dom de transformar momentos mágicos em contas preciosas de um colar... são as minhas preferidas :-)