Outra segunda feliz. A diferença entre impressionismo e expressionismo. Colocar as emoções na tela, em cores vivas, vindas do âmago, longe, muito longe do retrato fiel da realidade. Tempos de efervescência cultural, de guerra, de revoluções dentro e fora das almas das pessoas. Não sou apaixonada pela técnica, meu traço vagueia pela folha de papel e o desenho nasce dos meus sonhos e desejos, nunca sei o que estou criando no momento em que a caneta toca o papel. Nunca sei o que estou vivendo até o instante em que surgem os momentos. Estou cansada. Inclusive do cansaço dos outros. Queria ser anjo, não ter sexo nem desejos e ficar contemplando além do tempo a beleza perfeita da cidade prateada. Não sou. Sou mulher. E dancei a dança de Shiva. Chega, não quero mais me esconder. Acho que não tem muito futuro na minha frente além do aqui e o agora.
Eu não sei, eu não sei mais. Tem um perfume que eu adoro na minha pele. Na minha boca beijos muito desejados. Voz, calor da pele, suor, tesão, carinho. Muito carinho. Não quero nada além disso.
Mas essa história é um caleidoscópio. Caleidoscópio é um trocinho que você faz com três espelhos voltados pra dentro, um refletindo o outro e alguém joga um monte de papéizinhos coloridos e fica girando, girando aquela porra e a cada hora os papéizinhos criam uma nova figura. A cada momento a história é diferente. Também é frágil. De vidro. Se cair quebra. E está chovendo há dias.
Eu tive de escolher entre duas pessoas que amo. Eu não sei o futuro. Eu estou chorando. Porque nesse momento, ficando ao lado dele, eu perco ela. Ficando ao lado dela, eu perco ele. E eu não sei o que nenhum dos dois sente por mim. Mas eu fiz minha escolha. Too late. Sabe o que eu quero? Ficar quietinha no meu canto. Eu preciso de carinho. Preciso MESMO. Estou com muito medo. Estou me sentindo muito sozinha. Preciso de um abraço. Não quero mais me meter nessa história. Vou pra casa me enfiar embaixo do edredon e dormir abraçada com o Gabriel. Fechar os olhos e tirar devagarinho da caixinha cada segunda-feira gostosa e cada sexta boêmia. Saborear cada momento, do mais doce ao mais surreal. Não me arrependo de ter vivido. Não me arrependo de amar duas pessoas que um dia também se amaram. E se vocês querem saber mesmo, eu queria era ter vivido muito mais. Ainda quero. Só que não depende de mim. AFINAL, no meio desse furacão, quem é que vai escolher ficar COMIGO?????