segunda-feira, setembro 23, 2002

Palavras... Armas perigosas. Eu não gosto de palavras, quase tanto quanto não gosto de pessoas. Elas machucam, sempre. MAS eu gosto dele. Não sou coerente, eu sei. Talvez tenha medo demais dentro de mim. Quanto mais eu leio, menos eu quero saber. Nos teus olhos, amor, eu leio um mundo de coisas que não posso dizer. E se minhas palavras não fazem sentido, meus gestos falam por mim. Às vezes eu fujo daquilo que amo. Às vezes eu não quero dizer o que transborda nos meus olhos, toda essa dor, é minha, são meus fantasmas sangrentos, meus esqueletos no armário - uma vez me disseram que eu era a personagem de quadrinhos perfeita. Eu disse "quero ficar do teu lado". Não sei dar nome a isso. Simplesmente é o que eu quero. Não existe nada mais.

Eu queria ser a menina perfeita... mas acho que no final a gente acaba sendo perfeito para quem gosta da gente. Eu aprendi a gostar das pessoas como um todo. Só gente limitada me irrita e mesmo assim eu já amei pessoas MUITO limitadas. Triste ver pessoas se debatendo nos casulos que elas mesmas criaram ao seu redor... Amargo saber que mesmo que você tente mostrar pra elas que é tudo maya, que não precisa ser assim, elas só sabem viver daquele jeito. Eu luto o tempo todo pra não andar em círculos. Talvez eu seja a mosca mais idiota dessa teia, porque eu vejo os fios que me prendem e fico me debatendo inutilmente até cansar... Outros dias eu fico esperando simplesmente a aranha me devorar. Me sinto meio como Kassandra em Tróia, still my burden... to say the truth and be distrusted.

Esse finde me lembrei do grande amor da minha vida... Será que é preciso ser jovem e inocente para amar desse jeito? Cada lembrança dele veio a mim, cada pequeno detalhe... Como eu amei... Como era bom. Nunca mais, nunca mais Ricardo. Nunca mais teus olhos azuis de fim de tarde de verão, nunca mais o cheiro do teu corpo, nunca mais teus carinhos que liam meu corpo como se eu fosse teu livro preferido... A grama fresca e o sol de verão no domingo, a chuva, a lua, as estrelas, girar que nem menina nos teus braços, te amar, amar, amar até doer de tanto amor, te perder e te encontrar só para te perder de novo, ad infinitum. Never more. Não faz diferença agora, anos depois, tantos anos depois. Milhões de amantes quiçá se amarão sem saber do amor que eu um dia deixei pra você... Mas é bom lembrar. Me faz forte. Eu fui feliz.